sexta-feira, 11 de maio de 2012

O usurpador

O usurpador



Saiu de casa numa 2ª feira, a mala cheia de roupa, artigos de higiene pessoal e um dossier de trabalho. A alça da pasta com o computador portátil pendurou-se num ombro. Despediu-se da mulher com um beijo e uma promessa.
— Volto sábado à noite e não me vou esquecer de te trazer um presente.
Chegou a casa mais cedo do que contava, sábado de manhã, o Sol glorioso e quente a dar-lhe as boas-vindas, um embrulho debaixo do braço. A chave rodou na porta e entrou de rompante. Engasgou-se.
— Que-querida...
— Viva, chegaste mais cedo do que o previsto!
O seu melhor amigo estendeu-lhe a mão, sorriso aberto num rosto radioso, num corpo vestido com um dos seus pijamas e calçando as suas pantufas.
— Adoro a tua casa, a tua roupa, a tua colecção de DVD’s, o teu whisky...
A mulher, em lingerie, aparece no hall de entrada.
— Olá, querido. Já tão cedo?
— ... e a tua mulher também. — continua o amigo — Ia agora mesmo fazer o pequeno-almoço, és servido?
O homem deu a mão à mulher e dirigiu-se à cozinha.
— Vais adorar o meu pequeno almoço! — elevou-se a voz do amigo por toda a casa.

Bruno Barão da Cunha

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